Você já olhou para fora da janela hoje?

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terça-feira, 29 de julho de 2008

Como modelos mentais podem afetar a historia...

Ótimo exemplo da ex-URSS, mostra como muitas coisas e fatos que consideramos como "dados" podem ser completamente alterados quando muda o modelo mental, podendo ter grande impacto na história (alguém tem mais exemplos?).

O texto é de Stephen J. Dubner, autor de Freakonomics, um dos livros com propostas mais inovadoras que li no último ano. O autor analisa bases massivas de dados estatísticos e, no melhor estilo curinga, chega a conclusões nada óbvias, como o que há de comum entre professores de escola americanas e lutadores japoneses de sumô.

E melhor, não tem medo de expor a verdade nua e crua, quando mostra a relação clara de causa e efeito entre a liberação do aborto nos EUA e a queda abrupta de crimininalidade ocorrida 25 anos após Wade vs Roe. "Duela a quien doler..."

Ainda não jogue fora seu capitalismo

A turbulência na economia americana fez muitas pessoas atacarem o capitalismo, por um bom motivo: o capitalismo é inerentemente turbulento. Este é motivo para Joseph Schumpeter, o lendário economista de Harvard, chamá-lo de "destruição criativa".

Dito isso, muita gente (inclusive eu) ainda assim considera o capitalismo como o melhor sistema econômico já inventado. Ele é perfeito? Dificilmente. Quando penso no capitalismo, eu penso no que Churchill certa vez disse sobre a democracia: "A democracia é a pior forma de governo, salvo todas as outras formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos".

Uma boa forma de apreciar seu próprio sistema bom mas imperfeito é visitar o sistema pior e mais imperfeito de outro país. Aqui está o exemplo de um livro interessante que estou lendo -" The Gridlock Economy", de Michael Heller, um professor de lei imobiliária da Universidade de Colúmbia:

"No final de 1991, enquanto a União Soviética estava ruindo, eu viajei para Moscou como parte de uma equipe do Banco Mundial. O novo governo de Boris Yeltsin queria saber o que era preciso para criar uma economia de mercado em um país sem memória viva do capitalismo."

"Eu fiquei impressionado em quanto o socialismo inverteu as coisas. No inverno de Moscou, meus amigos deixavam suas janelas abertas para os apartamentos não superaquecerem. Por quê? A energia não tinha um preço, de forma que não havia termostatos. Todo mundo viajava grandes distâncias para trabalhar. Por quê? Terrenos e transporte não tinham um preço, de forma que Moscou tinha chalés próximos do centro da cidade e altos prédios de apartamentos nos subúrbios distantes. Milhões estavam socados em conjuntos habitacionais obsoletos, mas não havia como desenvolver os terrenos próximos. Estes custos se tornaram visíveis tão logo os russos começaram a atribuir um preço aos terrenos, à energia e outros recursos no valor de mercado mundial. A transição foi dolorosa."

Provavelmente nos faria bem perceber que o atual barulho em torno dos aumentos dos preços nos Estados Unidos é, na verdade, o som de muitos ovos sendo quebrado, o que de forma moderada poderá ser uma boa coisa para muitas pessoas. A dor do momento é real, mas também é a força do sistema.

Um comentário:

  1. Imaginem como deve ser pegar uma estrutura montada para viver no Socialismo e de um dia para o outro adotar o capitalismo e aí é cada um por sí (não é a toa que a Rússia exporta bilionários na lista da Forbes e a maioria é ligada ao antigo regime). Mas realmente quem visita esses lugares antes comunistas conta situações muito diferentes que são pura consequência de um modelo mental diferente. Eu tenho um exemplo de alguém (não me lembro quem exatamente agora, talvez tenha sido até um de vocês companheiros coringas!) que foi visitar os países do leste europeu e para fugir de um restaurante turístico e lotado preferiu um restaurante ao lado que estava vazio. Porém o garçom sugeriu que essa pessoa voltasse para o outro restaurante porque alí ela não comeria sozinha! Isso para mim demonstra que dinheiro não faz parte do prioritário no modelo mental dessa gente. Além disso há a eterna diferenciaçao entre oriente e ocidente na questão de valores que são realmente priorizados. No fundo creio que ganhamos muito ao nos expormos a um intercâmbio cultural com a mente aberta. Não há uma resposta correta!

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